Dermoseptoplastia

A dermoseptoplastia é a cirurgia utilizada para tratamento da telangiectasia hemorrágica hereditária (THH), também conhecida como síndrome de Osler-Weber-Rendu, é uma doença genética rara. Causa sangramento nasal recorrente associado a “degenerações vasculares” e possui caráter hereditário.

A septodermoplastia (ou dermoseptoplastia ou ainda simplesmente dermoplastia) é o atual padrão para o tratamento da epistaxe em pacientes com THH, por apresentar os melhores resultados a longo prazo, principalmente nos casos de epistaxe grave.

O princípio da septodermoplastia é o de que as telangiectasias nasais sangram por estarem muito expostas a traumas locais e ao atrito com o ar. A mucosa nasal, com seu epitélio respiratório ciliado, não oferece proteção adeqüada às angiodisplasias, que se rompem com facilidade. Uma vez “protegidas”, ou seja, recobertas por um enxerto, elas estariam menos vulneráveis a rupturas traumáticas e com isso sangrariam menos.
A cirurgia consiste na remoção da mucosa comprometida (em geral a mucosa do septo) com uma cureta, seguida da cobertura da área cruenta com um enxerto. A intenção da substituição da mucosa pelo enxerto não é a de eliminar as telangiectasias, pois sabe-se que elas ressurgirão na região curetada, mas sim recobrir as lesões com um tecido mais resistente
que diminua a chance de injúria e impeça dessa forma o sangramento.

A área de mucosa a ser curetada depende da distribuição das telangiectasias, podendo estar restrita ao septo ou ainda incluir o assoalho da fossa nasal e os cornetos. É importante planejar o quanto de mucosa será retirado antes do procedimento, para adequar a retirada do enxerto ao tamanho da área a ser recoberta (pode-se optar por diferentes regiões doadoras do enxerto de acordo com a necessidade de um enxerto maior ou menor). Da mesma forma, a localização e extensão da mucosa a ser curetada pode determinar a necessidade de um acesso que permita uma visão mais ampla da fossa nasal. A rinotomia lateral na septodermoplastia como forma de se obter um campo amplo para uma curetagem mais eficiente foi descrita por Whicker and Lake em 1972 e é preferida por alguns autores (Whicker, 1972). Muitos entretanto ainda realizam a curetagem por via endonasal (através do vestíbulo nasal com o auxílio de espéculos). Outros preferem rebater a cartilagem alar. Seja qual for o acesso, a curetagem deve ser sempre cuidadosa e delicada. É fundamental preservar o pericôndrio para manter o suprimento sangüineo ao enxerto e evitar necrose ou perfuração septal.
Depois de recobrir a região cruenta com o enxerto, sutura-se sua borda anterior à fossa nasal com fio absorvível (alguns autores suturam também as bordas posteriores) e coloca-se um tampão anterior em dedo de luva.

Patologia

A incidência da THH no mundo é motivo de certa controvérsia. Alguns estudiosos do assunto defendem a tese de que a síndrome é, na verdade, mais freqüente do que se calculou inicialmente, uma vez que tende a ser sub-diagnosticada pelo desconhecimento dos médicos atendentes.

O sintoma mais comum da doença é a epistaxe recorrente, acometendo cerca de 90% dos casos, de modo que o otorrinolaringologista é na maioria das vezes o primeiro médico que os pacientes procuram. A duração de cada episódio variou de 1 minuto a 1 hora, com tempo médio de 7,5 minutos.

Investigação familiar
Devido ao caráter hereditário da doença, que apresenta história familiar positiva em cerca de 80% dos casos, deve-se sempre ter em mente que a identificação de um paciente com a síndrome não representa apenas um caso a ser tratado, mas na maioria das vezes uma família inteira. É comum que vários parentes apresentem história de epistaxes freqüentes e ainda não tenham sido diagnosticados como portadores da síndrome.
Desse modo, a primeira conduta na investigação familiar é levantar a história familiar do paciente, questionando quanto aos parentes que apresentam epistaxe, hemorragia digestiva, hemoptise ou eventos neurológicos agudos.

Tratamento de suporte
Os sangramentos freqüentes característicos da síndrome quase sempre evoluem para uma anemia ferropriva. A suplementação oral de ferro é mandatória em quase todos os casos de pacientes sintomáticos. A estimulação crônica da medula óssea pode levar a casos de síndrome anêmica refratária ao tratamento com suplementação de ferro oral. Nestes casos o acréscimo de folato pode ser útil. Alguns pacientes com sangramentos muito freqüentes podem beneficiar-se de ferro administrado por via parenteral.
As hemotransfusões são necessárias sempre que há uma descompensação da síndrome anêmica, ou seja, sempre que a anemia implica em instabilidade hemodinâmica, insuficiência cardíaca ou respiratória ou descompensação de alguma comorbidade presente.

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Nunca fale que uma cirurgia é “Simples”.

Toda cirurgia oferece risco de alguma complicação. Procure estabelecer uma boa relação de confiança com seu medico e sua equipe. Tente esclarecer todas as dúvidas antes da cirurgia, portanto, solicite uma consulta pré-anestésica com o medico Anestesista ou esclareça suas dúvidas com seu médico.

Mesmo as cirurgias mais simples oferecem riscos.

Realizar o exame de risco cirúrgico pré-operatório é uma etapa tão importante quanto a intervenção em si.

A razão para isso é que, nos exames que antecedem a cirurgia, valiosas informações sobre a situação clínica do paciente são levantadas.

Todas elas são consideradas no momento da operação, permitindo à equipe médica uma tomada de decisão mais assertiva.

O que é o exame de risco cirúrgico pré-operatório?

Risco cirúrgico pré-operatório é a avaliação do estado clínico do paciente antes de uma cirurgia, calculado com base em escalas e padrões aprovados por sociedades médicas.

Essa avaliação sofre influência de fatores relacionados à idade, doenças crônicas, histórico familiar do paciente e de características do próprio procedimento cirúrgico ao qual ele será submetido.

Por isso, a determinação do risco cirúrgico faz parte de uma avaliação pré-operatória completa e eficiente.

Anamnese (entrevista com o paciente), exames físicos, de diagnóstico e laboratoriais podem ser usados para calcular o risco cirúrgico.

Mas vale lembrar que a avaliação pré-operatória nem sempre é recomendada.

Um exemplo disso são pacientes com menos de 40 anos, sem sintomas, doenças crônicas ou histórico de patologias graves, que irão realizar procedimentos simples.

Como cita este protocolo, o exame pré-operatório útil sugere uma mudança na conduta durante o cuidado com o paciente.

Nesse cenário, testes com resultados normais ou dentro dos limites tolerados se revelam desnecessários.

Dependendo do quadro do paciente, qualquer alteração nos resultados pode causar preocupação e estresse, mesmo que não sinalize doença.

E esse estresse pode interferir na evolução após a cirurgia, aumentando o tempo de recuperação e de internação do paciente.

A importância do exame de risco cirúrgico na prevenção

A importância do risco cirúrgico pré-operatório na prevenção

Calcular o risco cirúrgico é importante para diminuir as chances de morte, de sequelas e de complicações após a operação.

Também é essencial na redução de ameaças potenciais durante a cirurgia, principalmente se o paciente integra grupos de risco.

Mas é preciso cautela antes de indicar testes além da anamnese e exame físico. Nem todos precisam passar por exames laboratoriais, por exemplo.

Pacientes que realmente se beneficiam desses testes são os que têm fatores de risco, sintomas ou histórico que levantem alguma hipótese de doença.

Quais os fatores de risco em uma cirurgia?

Antes da cirurgia, é essencial considerar fatores de risco relativos ao paciente, à própria operação e à instituição na qual ela será realizada.

De acordo com a complexidade do procedimento, o hospital ou unidade de saúde precisa contar com determinados equipamentos, além de profissionais qualificados e equipes de emergência – responsáveis para atender o paciente no caso de uma reação adversa à anestesia, por exemplo.

Já os fatores cirúrgicos envolvem a experiência do time que fará a operação: se é uma emergência, se há perda intersticial, fechamento e abertura de vasos maiores e a presença de variações na pressão arterial.

Riscos relacionados ao paciente
Os riscos relacionados ao paciente incluem a sua idade, estado geral de saúde, obesidade, tabagismo, alcoolismo, medicamentos utilizados e doenças associadas.

Em pacientes com mais de 70 anos, é preciso avaliar quais cirurgias realmente são necessárias, pois há maior risco de complicações.

A condição geral de saúde diz respeito, por exemplo, à capacidade física.

Se o paciente for incapaz de aumentar a frequência cardíaca até 99 batimentos por minuto (bpm), ou tolerar exercício físico, o risco cirúrgico aumenta.

A obesidade está associada a diversas doenças crônicas que podem impactar na saúde.

Estudos indicam que uma camada de gordura maior que 3,5 cm implica em um índice de infecção de 20%.

Por outro lado, quando essa camada tem menos de 3 cm, o risco é menor que 7%.

O cigarro, por sua vez, eleva as complicações pulmonares, circulatórias e infecções.

Já o consumo crônico de álcool – a partir de 60 g por dia – também merece atenção, pois impacta na resposta do sistema imunológico após a operação.

As principais patologias associadas que aumentam o risco cirúrgico são:

-Hipertensão
-Arritmias – alterações na frequência cardíaca
-Insuficiência cardíaca – quando o coração não consegue funcionar adequadamente
-Doença pulmonar obstrutiva crônica – grupo de doenças que reduzem a capacidade respiratória
-Diabetes – patologias que elevam a taxa de açúcar no sangue
-Insuficiência renal – mau funcionamento dos rins, responsáveis por filtrar o sangue
-Coagulopatias – distúrbios que provocam alterações na coagulação sanguínea.

Para que serve um exame de risco cirúrgico?

O exame de risco cirúrgico nada mais é do que um conjunto de avaliações relacionadas às condições clínicas do paciente antes de um procedimento de cirurgia.

Ele é feito com base em critérios definidos pelas sociedades médicas, conforme os modelos e escalas que abordaremos nos tópicos seguintes.

A principal finalidade do exame de risco cirúrgico é diminuir os riscos de eventuais complicações durante a intervenção.

Os principais fatores que são considerados no exame de risco cirúrgico são:

-Histórico médico familiar;
-Presença de doenças crônicas;
-Faixa etária;
-Características da cirurgia que será realizada.

Algumas doenças são mais ligadas a complicações cirúrgicas do que outras. Entre as condições que exigem mais atenção, destacam-se:

Problemas cardíacos, como insuficiência ou arritmias;

-Diabetes;
-Hipertensão;
-Doença pulmonar obstrutiva crônica;
-Alterações na coagulação do sangue, conhecidas como coagulopatias;
-Insuficiência renal.

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Dra. Milene Lopes Frota
Otorrinolaringologista
Belo Horizonte/BH
(31)99839-6075
otorrino@dramilenefrota.com.br

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Septoplastia

A cirurgia nasal é uma das cirurgias mais freqüentes dentro da otorrinolaringologia. E a septoplastia e turbinectomia são as mais comumente realizadas.

Chamamos de septoplastia a correção do desvio do septo nasal por motivos funcionais. Chamamos de turbinectomia a diminuição dos cornetos nasais (“carne esponjosa” popularmente conhecida).
Nariz entupido com frequência, sinusites de repetição, dores de cabeça frequentes são alguns dos sintomas mais comuns nesses casos.

ANTES DA CIRURGIA
Alguns pontos devem ser bem avaliados antes de partir para a septoplastia e turbinectomia. Diante da queixa dos problemas respiratórios devemos avaliar a existência ou não de um quadro de rinite alérgica associada, uma vez que a cirurgia não trata a rinite, mas pode sim ajudar muito na questão da obstrução.

Um exame físico completo é necessário pois em alguns casos apenas a correção do desvio do septo e a diminuição dos cornetos não serão suficientes para melhora das queixas obstrutivas. A avaliação da área da válvula nasal, da ponta do nariz e de outras estruturas é primordial para um correto diagnóstico e solução do problema do paciente.

Então, cirurgião e paciente devem discutir sobre os objetivos da cirurgia.

Quadro 1: Queixas à serem tratadas na Septoplastia e Turbinectomia
Obstrução nasal (nariz entupido)
Sinusites de repetição
Dores na cabeça e na face justificadas pelo desvio
Diminuição do olfato
Voz anasalada (hiponasal)
Piora dos sintomas obstrutivos da rinite alérgica
De posse do diagnóstico e planejamento cirúrgico completos, solicitamos exames pré-operatórios para avaliar o estado geral de saúde do paciente.

A CIRURGIA
A melhora das técnicas anestésicas, associada a evolução nas técnicas cirúrgicas, permite que o dia da cirurgia seja bem mais tranquilo.
Após a saída da sala de cirurgia, o paciente deve permanecer em repouso por algumas horas. Isso ajuda a eliminar completamente os medicamentos anestésicos e sedativos. A primeira refeição líquida acontece cerca de 2-3 horas após o fim da cirurgia. O paciente pode ser liberado para casa no mesmo dia ou no dia seguinte dependendo de cada caso.

APÓS A CIRURGIA
Pacientes submetidos a septoplastia saem do hospital com um curativo tipo “bigode” (foto) para absorver algum sangue e secreções que possam sair nos primeiros 2 ou 3 dias.
O que mais incomoda o paciente nos primeiros dias é a obstrução do nariz, devido ao edema, secreção ou curativos, mas que rapidamente se resolvem com a lavagem nasal contínua com soro fisiológico. Dor não é um sintoma tão comum, e é bem resolvido com uso de analgésicos. O afastamento do trabalho ou dos estudos costuma ser de 5 a 7 dias. Exercícios físicos não são indicados nos primeiros 20-30 dias.

CONCLUSÃO
O segredo do sucesso de uma Septoplastia e Turbinectomia é o diagnóstico correto e completo. Aspectos estéticos e funcionais devem ser avaliados em conjunto e servir de base para um planejamento cirúrgico preciso.